por Felipe Pedroso

O artista e cineasta sul-africano Ralph Ziman mostra que o continente africano floresce e se revela através da arte

Existe uma parcela de artistas que somam esforços para romper o estigma da imagem de uma África pós-colonial repleta de estereótipos. Juntos, buscam desmistificar e desconstruir a imagem estereotipada e perpassada pelo senso comum de um continente minimizado em pobreza, miséria, passividade e fome.

Uma nova África floresce e se revela, principalmente através da arte - desabrochando um olhar lúcido vindo de dentro pra fora.  Revelando também novos talentos de uma safra de artistas africanos que exploram na arte uma forma de contestar, questionar e fazer refletir sobre o próprio continente.

O artista e cineasta sul-africano Ralph Ziman é um desses exemplos. Em sua série de fotografias intitulada Ghosts, chama a atenção para o comércio internacional de armas, usando de instalações de arte espalhadas pelas ruas de seu país para discutir o problema.

O centro de seu trabalho destaca a realidade de que a maior parte desse comércio é voltada na direção da África, abastecendo e financiando conflitos em todo o continente. O artista usou de arame e outros materiais para recriar o aspecto visual de AK-47s; réplicas não letais de uma arma icônica que passou a ser reverenciada e fetichizada em boa parte do território africano.

Concluídas, as armas revestidas de tradicionais contas regionais foram objeto de uma sessão de fotos no centro de Joanesburgo e posteriormente foram enviadas, juntamente com cédulas de moedas locais estampando guerrilheiros, para um endereço dos Estados Unidos, como forma de protesto simbólico e uma resposta ao financiamento de conflitos.

O projeto esteve em exibição na C.A.V.E. Gallery e parte do rendimento na venda das peças foram destinados à Human Rights Watch.

Vai lá: http://cavegallery.net/ralph-ziman-ghosts/

(*) Felipe Pedroso é colaborador do blog de arte e cultura BLCKDMNDS.

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